Certa vez, em uma data não muito distante, uma amiga me disse que meu mundo, esse do jeito que eu enxergo, só existe nos meus sonhos.
Calmamente, me foi explicado que é preciso um pouco mais de praticidade na vida. É preciso viver o que é real, sem transformar tudo em romance, em novela.
Na hora eu pensei. Refleti por algum tempo sobre as palavras e percebi que eu tenho mesmo a mania de transformar a realidade em algo um pouquinho mais acolhedor do que realmente é.
E essa descoberta me levou a pensar se é bom ou ruim ser assim.
Não é que eu fuja o tempo todo da vida real. Não fujo. Mas sim, por vezes eu dou uma colorida e levo pro mundo de faz-de-conta.
Isso faz com que muitas vezes eu perca a credibilidade ao aconselhar. Se digo que vai ficar tudo bem, nem sempre sou levada a sério. Mas no mais das vezes, fica mesmo tudo bem.
E não adianta, por mais que eu me esforce, tenho uma tendência à utopia.
Lembro que ainda pequena, minha mãe costumava dizer que eu vivia em um mundo de sonhos. Ela nunca me disse que eu deveria acordar, mas alertou que isso talvez me fizesse sofrer algum dia.
Sim, essa mania de romancear já me complicou. Mas também já me descomplicou muitas vezes.
Nas maiores dificuldades, tento ver as coisas como deveriam ser. Projeto pro futuro a solução do meu problema, sempre certa de que se é pra sonhar, vou ter o sonho mais belo. E se a direção é minha, eu escolho o final.
E a vida responde sim aos meus sonhos. Nem sempre é no tempo que eu quero, mas ela tem respondido sempre.
Recentemente, recebi por e-mail uma dessas tantas respostas a perguntas que vivi no meu passado e projetei no meu futuro de sonhos. E isso tornou tudo mais fácil.
Afinal, qualquer realização passa por essa fase de pré-concepção até virar a "realidade" que me mandam viver.
No mais, essa ilusão é o que me faz quem sou. E ainda que eu quisesse, hoje tenho certeza, não conseguiria ser diferente.
Se te sobra realidade, fica do meu lado e eu te ajudo a sonhar.