Vou te ensinar um pouquinho sobre o Sistema Recursal Brasileiro. Com palavras que juro, tu vais entender. Prometo não usar o "juridiquês" mais do que o necessário.
O rapazote chega a uma decisão. É o fim do relacionamento.
Inconformada, ela não aceita que é o fim. Quer entender. Tem algo ali que não ficou bem explicado, em vários momentos ele se contradisse. Omitiu pontos importantes e em outros deixou tudo muito obscuro.
Ok, nem tudo está perdido. Ela opõe Embargos de Declaração.
Ele, por pura obrigação e sem cobrar nada por um "dever" que ainda reconhece, concorda em ouvir as razões.
Mas como na maioria dos casos, diz que não é caso de embargos. A decisão está embasada, ainda que ela não concorde com os fundamentos . Se pretende o reexame da matéria, deve manejar o recurso cabível.
De posse disso, ela decide agravar. Pra isso precisa recolher as custas e juntar todas as cópias - provas de que aquela relação existia. Vai à instância superior e tenta uma reversão por quem manda mais (os pais).
Eles não ficam satisfeitos, uma vez que possuem outros tantos processos pra decidir. Mas, presentes os requisitos - a verossimilhança das alegações (ela de fato acredita no que fala e é capaz de convencer) e a possibilidade de dano irreversível ou de difícil reparação (ao coração da moça, à psique ou mesmo ao estômago, já que ela não come há dias) - vêm-se obrigados a analisar o caso a fim de evitar possível cerceamento de defesa.
Eles reanalisam tudo, mas no final das contas, entendem que o juiz da causa tinha razão. Falam com jeitinho, mas em resumo, siga sua vida querida. Negaram provimento.
Ela até poderia espernear e tentar novamente os declaratórios, mas de pouco iria adiantar.
Assim, com a matéria pra lá de prequestionada, ela se aventura aos Tribunais Superiores - os amigos.
O custo é bem mais alto, mas eles têm fama de tudo saber. Certamente serão justos.
Bem, deveriam ser.
Todavia, o que acontece de fato, é que eles fazem de tudo pra não receber o recurso dela. Tentam negar seguimento. Mas ela agrava novamente e o recurso sobe, enfim.
Agora é só esperar. Mas senta querida, porque vai demorar. Com alguma sorte eles julgarão antes da perda de objeto.
E como usual, nunca, jamais, reverterão a causa a teu favor. O contrário até pode acontecer.
Só que durante todo esse tempo, o processinho principal continuou rolando e enfim, veio a sentença.
Depois de reler incontáveis vezes, ela se convence de que o juiz confirmou o que havia decidido antecipadamente.
Desesperançada ela sabe que ainda cabe recurso.
Mas aí meu bem, já é apelação!!!!