Sou curiosa. Sou mesmo, bastante curiosa.
Dizem por aí que curiosidade é um defeito que só perde pra ansiedade.
Pois bem, permitam-me discordar.
Em determinado setores da vida, pode até ser inconveniente possuir tão peculiares características. Mas eu, que vivo com ambas, consigo enxergar pontos positivos - preciso fazer do limão uma limonada.
Profissionalmente, acredito que a minha curiosidade e esse desejo de ver as coisas em constante mutação têm me rendido bons frutos.
Trabalho com direito. Com processos.
Pergunte a qualquer um na rua, pouco ou muito instruído, e ouvirás a mesma resposta sobre os problemas do judiciário: Nada se resolve, a justiça é muito lenta, etc, etc.
De fato, são meias verdades que atormentam a vida de quem busca seus direitos e de quem instrumentaliza essa busca.
Mas os meus processos andam. E se resolvem sim.
Faço muito bem (com o perdão da falta de modéstia) a minha parte na brincadeira. Tudo por conta da curiosidade.
Se faço algum requerimento, por mais simples que seja, preciso saber logo o que foi decidido ou isso me consome.
Se as coisas não andam rápido, dou um jeito de agilizar porque fico ansiosa pelo desfecho do meu esforço mental. O tempo que eu gasto construindo ou pesquisando teses, tem que valer a pena. Se não, eu perco o sono. E isso não deve acontecer.
E tem também o desejo quase egoísta de passar a boa notícia (quando ela vem) pro cliente.
Tenho certeza que não é o amor - que eu nem sei se tenho pelo direito - que me faz ter tanta disposição no trabalho, mas é sim, a ânsia por um final feliz.
Já disse que sou noveleira?